Thursday 25 February 2010

Aula 3 (17/2/2010) Turma 1 - Características da Comunicação Digital

No dia 17 de Fevereiro de 2010 o tema da aula de Comunicação Digital, leccionada pela Mestre Patrícia Dias, foram as características da Comunicação Digital. Por essa razão, foi-nos apresentada de forma sucinta a visão de alguns autores, nomeadamente de Jay David Bolter e Richard Grusin, de Lev Manovich e de Henry Jenkins.
Numa primeira etapa, a professora falou-nos de Jay David Bolter, professor no Georgia Institute of Techonology, e de Richard Grusin, professor na Wayne State University, cujos trabalhos se inspiraram em McLuhan. De facto, ambos os autores vêem na tese de McLuhan uma aplicação aos novos media, já que tal como ele acreditam que um meio é o conteúdo de um outro meio. Por exemplo, o conteúdo do livro é um meio para o discurso do autor do livro, o discurso do autor do livro é um meio para toda a pesquisa feita pelo autor e por aí adiante. É, pois, neste contexto que nos chega o conceito de Remediação desenvolvido por Bolter e Grusin. Este conceito é de fácil compreensão se pensarmos na origem da palavra: o prefixo –re significa repetição, reforço, logo remediação significa tornar a mediar. Explicitando melhor, a remediação é nada mais, nada menos do que uma dupla mediação. Esta dupla mediação é, segundo os autores, recorrente nos dias de hoje, até porque qualquer tecnologia é um mediador. De notar que, os novos e velhos media se encontram em constante interacção, o que permite que se remedeiem. Tome-se como exemplo a onda de vídeos do Youtube com valor noticioso que têm servido de complemento às peças dos noticiários. O Youtube, numa primeira instância, medeia o real, para depois ser mediado pelos noticiários. É como se os novos media alterassem os anteriores, sem no entanto os destruírem. Verifica-se, pois, uma negociação entre os media que permite facilitar ainda mais o acesso à informação. É, de igual modo, importante reter que o conceito de Remediação integra também o conceito de Immediacy e de Hypermediacy. O primeiro conceito, também designado de transparent Immediacy, corresponde à apresentação transparente do real, ao passo que o Hypermediacy é uma mediação mais intensa que, ao envolver mais o observador e ao estimular os seus sentidos, se torna mais imperceptível.
Grusin é, igualmente, um precursor da ideia da Premediação, em que os meios de comunicação antecipam acontecimentos com o intuito de diminuir a incerteza, o medo e de tranquilizar a população. Este conceito tem de ser entendido no contexto americano, em que desde o 11 de Setembro o medo faz parte do dia-dia dos cidadãos.
Foi-nos depois exposta a abordagem de Lev Manovich, um artista russo que teoriza, de igual forma, sobre o impacto social dos media. Em 2001, Manovich editou um livro denominado “A Linguagem dos Novos Media” em que identificou as diversas características dos media digitais, tais como a representação numérica, uma vez que é a partir do código binário que os conteúdos digitais são produzidos e transformados pelos mediadores, a modularidade, isto é, a possibilidade de, por serem variáveis discretas, os conteúdos digitais poderem ser copiados e combinados indefinidamente, a automação, variabilidade e transcoding que permitem a fácil criação, modificação e transformação dos conteúdos em variadíssimos formatos e versões.
Além destas características já mencionadas, Manovich fala-nos, de igual modo, do facto da utilização cada vez mais frequente dos novos media nos impor uma percepção através de frames. Nos dias que correm é comum as pessoas já terem percepções de sítios onde nunca foram; por exemplo, antes de viajar para Paris fui ao Google Earth para ter uma percepção das ruas e monumentos que ia encontrar, além disso, já tinha tido contacto com muitos dos monumentos através de fotografias e documentários.
Manovich considera que os novos media originaram um novo tipo de conhecimento, na medida em que é impossível saber tudo o que a enorme base de dados da Internet nos oferece. Desta forma, ao pesquisar “saltamos” de um link para o outro, o que consequentemente leva a um conhecimento menos profundo; se antes líamos um livro todo sobre determinada temática, hoje lemos as primeiras linhas de um sem número de sites.
O último autor a ser exposto foi o Henry Jenkins, cuja área de investigação prende-se com a mudança tecnológica e com a sociedade contemporânea a partir do conceito de convergência. Jenkins considera a convergência como um fenómeno não só tecnológico, mas também social e cultural. Um exemplo desta convergência é a Web 2.0, em que o fluxo de conteúdos é contínuo, o que não o impede de concordar com a ideia de conhecimento pouco profundo de Manovich. Além do mais, há que entender que os novos consumidores são bastante activos e resistentes, que têm o poder do escrutínio e que, por essa razão, são mais difíceis de agarrar. Jenkins acredita também que hoje já não se pode pensar no “aparelho único tecnológico” como o futuro, pois sabe-se que os novos media se convergem e complementam.
Hoje o tempo voa e as teorias e considerações da comunicação mudam a todo o momento. Assim sendo é possível que estas ideias inovadoras, tais como a Remediação, a Nova Linguagem e a Convergência, nos levem a uma nova teoria comunicacional.

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