Friday 26 February 2010

Aula 4 de 18-02-2010, Turma 1 (nº 130307022)

Nesta quarta aula de Comunicação Digital, a professora Patrícia Dias fala-nos de Manuel Castells, autor que em 1996 com a sua obra Sociedade em Rede evidencia um novo paradigma social (em certos países), e também de Gustavo Cardoso, que desenvolve e faz uma reflexão crítica sobre aquele, tecendo os seus próprios considerandos também.

Castells, que começou por estudar a sociedade do ponto de vista económico antes de se aventurar na sociedade em rede, aponta para três grandes factores que definiram a mudança de um capitalismo para um capitalismo informacional. A saber, a crise económica dos anos 70 (desvalorização do dólar e crise petrolífera, p. ex.); uma mudança dos valores sociais e sua emancipação, nos anos 60; avanços tecnológicos na informática e nas telecomunicações, nos anos 70 (Silicon Valley). A partir daqui, começa a desenhar-se aquilo que Castells chama de sociedade em rede tendo como suporte físico ou visível a Internet.

Algumas características enunciadas por Manuel Castells acerca desta sociedade em rede têm que ver com uma elevada taxa de penetração na população (superior a 50%) dos meios tecnológicos mas também com o facto de que esta nova sociedade assenta já não na indústria mas antes na procura do saber e do conhecimento. A ideia de tempo encurta-se e perde-se muitas vezes a sua noção. Também o espaço e a quantidade de ligações existentes diz respeito àquilo que se entende por sociedade em rede. A perda de uma certa identidade nacional devido à cada vez maior ligação a organizações supranacionais (NATO, p.ex.) aliada a uma cultura de realidade virtual e um distanciamento maior aos costumes (programa Erasmus, p. ex.) são alguns dos alicerces desta sociedade em rede de Castells.

Passando para Gustavo Cardoso, que entende que existe uma relação de complementaridade entre os media e sociedade, relembra que estes novos meios digitais são os novos media devido ao seu cariz recente e inovador. Vê a Internet como paradigma da sociedade actual, onde desempenha um papel não só interpessoal, como o telemóvel, mas também de massas sendo, por isso, um meio mais completo devido a este duo. Ainda para mais, o sentimento de poder latente, e o facto de se poder controlar conteúdos (criar um blogue, p. ex.) e ser possível uma envolvência constante são grandes argumentos a favor desta plataforma. É evidente que estes novos media, por nunca se dissociarem da sociedade, vão trazer alterações profundas na maneira como esta se desenvolve e progride.

Neste sentido, Gustavo Cardoso propõe um novo modelo de comunicação sintética e em rede pois, na verdade, com o multitasking verificado hoje em dia, com o uso variado e em simultâneo dos novos media, com a mistura do modelo de comunicação interpessoal (de um para um ou para muito poucos) com o modelo de comunicação de massas (de um para muitos, ou todos) o autor entende que dever-se-á seguir para a combinação destes meios, sem os querer substituir, mas, antes, articulá-los, trazendo a lume uma nova perspectiva destes mecanismos comunicacionais.


Por último, uma nota rápida para os três planos de interacção dos media mostrados em aula, necessários para entender algumas ideias enunciadas por Cardoso: macromedia, suporte base, cuja existência é fundamental para, tecnicamente, estes meios digitais terem expressão (satélites e internet, p. ex.); mesomedia, controlados pelos governos ou grupos económicos (rádio, TV, imprensa, cinema, p. ex.); e ainda micromedia, controlados pelos utilizadores (telefone, computador pessoal, internet, p. ex.).

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