Thursday 10 June 2010

Citizen Journalism: a informação partilhada por todos

O crescimento dos meios de comunicação e difusão de informação sempre foi paralelo e inerente à própria evolução do ser humano. Desde a invenção da prensa de Guttenberg, até aos primórdios da Web 2.0, os contornos dos elementos mediáticos proporcionaram gradualmente novas possibilidades de comunicar e de aceder à informação.

A passagem do mundo escrito para o digital pautou-se a um ritmo acelerado, sendo que não só a sociedade, como igualmente os próprios meios de comunicação, tiveram que se adaptar aos novos condicionalismos que iam surgindo, em termos de produção, transmissão e acesso à informação, graças às inovações tecnológicas. Estas mudanças significaram alterações às estruturas tradicionais de circulação de informação, onde o fluxo comunicacional evidenciava cada vez mais uma evasão ao rumo clássico.

Tradicionalmente, as audiências apenas acediam à informação que lhes era concedida pelos meios de comunicação (escritos, radiofónicos e televisivos), que difundiam e definiam a informação, que lhes era concedida pelos gabinetes designados para tal função. Com o despontar da Internet e a consequente evolução da era digital, novas possibilidades comunicativas surgiam agora à disposição dos indivíduos, e tal veio conceder-lhes novas possibilidades de comunicar, mas, fundamentalmente, mais hipóteses de nos relacionarmos com a informação.

A era da Web 2.0 veio conferir novos atributos aos indivíduos. Estes abandonavam agora um mero estado de consumidores, para passaram a ser eles próprios produtores de informação, estimulando uma sociedade de partilha mútua de opiniões, informações e conhecimentos, onde as novas plataformas digitais disponíveis na Internet (blogs, redes sociais, etc..) possibilitavam aos indivíduos serem geradores e difusores de conteúdos informativos - Citizen Journalism. As audiências assumiam agora uma natureza participativa. Este contexto trouxe, a par de outros aspectos, o alargamento do fluxo informativo dos meios convencionais de comunicação.













Qualquer pessoa podia agora captar imagens ou vídeos, redigir um texto a eles associado e transmiti-lo na Internet. Os indivíduos deixavam o seu papel meramente de receptores de informação, passando a colocar-se num patamar semelhante aos meios de comunicação em termos de possibilidade de captar, produzir e difundir conteúdos. O carácter de emissor - receptor podia agora ser atribuído a qualquer pessoa. Para além desta possibilidade de produzir conteúdos, esta nova era do Citizen Journalism concedia novas possibilidades de aceder à informação, deixando às pessoas a escolha de contactar ora com os meios "oficiais" de comunicação, ora com blogs ou websites dirigidos por indivíduos não necessariamente jornalistas tradicionais.

Em termos práticos, este novo contexto jornalístico resultou em novos condicionalismos no mundo da informação. Por um lado, o Citizen Journalism veio oferecer, no plano dos conteúdos, maior diversidade e pluralidade à oferta da informação, e uma relevância muito mais abrangente e directa. Blogs podiam agora reportar acontecimentos em comunidades locais ou dedicar-se apenas a temas específicos de interesse comum a um certo número de pessoas. Por outro lado, a possibilidade de qualquer pessoa difundir informação pode significar um decréscimo na qualidade da informação transmitida, ou, pelo menos, no formato e na escrita em que se vai pautar.

Independentemente dos condicionalismos que a era Web 2.0 e o Citizen Journalism venham a oferecer, a tecnologia que os originou proporciona hoje em dia um maior controlo, por parte dos indivíduos, na produção e acesso à informação, o que resulta num elevado grau de participação das audiências na agenda mediática e informacional, retirando o mero papel de receptores aos públicos e audiências.

  • http://citmedia.org/blog/about/
  • http://wethemedia.oreilly.com/

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