Friday 11 June 2010

Nem tudo são flores

A crise no Jornalismo e seu vilão "geek"

Falou-se muito por aqui de como as novas tecnologias podem influenciar a comunicação interpessoal, as relaçãoes humanas, o espaço e as práticas urbanas. Mas chamo a atenção, aqui, para uma perspectiva que deveria ter sido discutida ao longo do semestre – será que essas novas tecnologias e suportes, e a maneira como lidamos com elas não representam um dos motivos para a tal crise do jornalismo de que tanto falamos e buscamos explicação?

É evidente que um dos factores dessa crise pode estar relacionado a lógica do mercado, e tenha assim um cariz económico. Mas se somado ao impacto das novas tecnologias, nomeadamente a Internet e os novos suportes digitais, é possível chegar facilmente na origem da transformação do conjunto de práticas jornalísticas e consequentemente nos seus efeitos perante a sociedade.

Neste sentido, uma das chaves da actual crise estaria ligada ao crescente número de fontes de informação provenientes de uma maior participação cívica com o advento da Internet, e nomeadamente da Web 2.0. Este cenário amecaçaria assim as tradicionais funções de gatekeepers e opinion-makers, gerando um decréscimo no nível de credibilidade do público em relação ao crescente número de informação disponível. Isto porque a instantaneidade da informação e a facilidade com que um cidadão comum a produz acaba por causar questionamentos nos públicos acerca da actividade desempenhada pelo jornalista nos moldes da sociedade actual.

Cabe a nós encarar as inovações tecnológicas, aliadas as estratégias de rentabilização dos jornais, apenas, como uma forma para manutenção de um jornalismo dinâmico e em constante evolução. E torcer para que a tão temida crise seja apenas mais um processo de transformação que pode ser visto como uma nova oportunidade.

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