Monday 29 March 2010

Imaging Literature: Foer’s Extremely Lound and Incredibly Close and the Remediation of 9/11


No decorrer do ciclo de conferências realizado sob o título “Arts of Mediation” (Artes da mediação), pude assistir a uma que considerei particularmente interessante e que se integrava no subtema “Literature as Mediation” (Literatura como mediação). Intitulada “Imaging Literature: Foer’s Extremely Lound and Incredibly Close and the Remediation of 9/11”, partia de uma análise do romance “Extremely Loud and Incredibly Close”, do autor americano Jonathan Safran Foer, como base para falar de noções de mediação e remediação.
Esta obra de 2005, apresentada como um romance acerca de perda e de dor, tem como narrador principal uma criança de nove anos de idade, Oskar Schell, que perdeu o pai no 11 de Setembro de 2001. A tragédia nas torres gémeas assume assim um papel central na história, embora seja raramente mencionada. Existem mais dois narradores paralelos, os avós de Oskar, que contam a história das suas vidas na forma de cartas dirigidas tanto ao neto como ao seu pai. Presente nos seus discursos, tal como no discurso de Oskar, surge o sentimento de devastação perante um acontecimento traumático do passado, que no seu caso se trata do bombardeamento da cidade de Dresden, na Alemanha, durante a Segunda Guerra Mundial.
Considerado por muitos um produto da nova era da informação, Foer é um autor que se integra no movimento do pós modernismo contemporâneo, sendo este seu livro um exemplo de um novo conceito de “escrita visual”. Esta dimensão visual que é acrescentada à escrita é caracterizada por uma “sensibilidade multimédia” e concretiza-se numa abundância de parafernália tipográfica, de que são exemplo: diferentes tipos de letra; páginas em branco, simbolizando a impossibilidade de articulação; a abundância de imagens, que se relacionam com ideias e temas singulares, assim como emoções e perspectivas a que já foram feitas alusões anteriormente ( A certa altura, Oskar encontra uma imagem de homens a cair das torres, uma imagem alterada, a que associa a imagem da possível morte que seu pai terá tido.)Partindo da premissa de que toda e qualquer mediação é remediação (isto é, uma dupla mediação, na medida em que se trata da representação de um meio por outro), este romance assume-se ele próprio como uma remediação de como o evento do 11 de Setembro foi coberto pelos media e do impacto que teve nas pessoas. A epítome reside na ideia de que o impacto de uma catástrofe depende de como as pessoas têm acesso a ela. Apesar da abundância de informação nos media, ninguém saberá ao certo o que aconteceu na realidade, pelo que a sua percepção será sempre fragmentária. Mesmo as imagens, que por vezes temos a tentação de assumir como sendo a própria realidade, são apenas uma representação daquela, uma dimensão construída, uma vez que a simples escolha do que mostrar e do que deixar de fora já pressupõe uma interpretação individual.

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