Thursday 11 March 2010

A Televisão e a Interactividade – 3.Fev.2010 – Turma 1

Gustavo Cardoso, sociólogo e investigador português, aplicou e desenvolveu o pensamento de Manuel Castells sobre a sociedade em rede ao contexto português. Através do seu estudo, na presente aula abordámos o tema da interactividade na televisão e/ou a televisão com interactividade, em que toda esta interactividade, inserida numa sociedade em rede, dirige-se para uma convergência dos meios.

Sendo a interactividade, ligada à televisão digital, um elemento caracterizador do actual modelo de entretenimento e informação, no entanto, como refere Cardoso, «a televisão digital, no momento presente, pode ser considerada como um “media impopular”, pois não conseguiu ainda penetrar na “agenda social das audiências”». Isto acontece com a televisão digital porque por um lado está associada à televisão paga (que não se justificava, por isso havendo baixo consumo), por outro à televisão interactiva. No caso da televisão interactiva (iTV) reconhece-se que esta seja muito mais reactiva do que interactiva, porque no seu sentido técnico não é possível existir iTV em concreto, uma vez que são utilizados outros meios para interagir com os programas transmitidos pela televisão. Isto é, não há “interactividade directa”devido ao modelo organizacional da televisão ser tradicional, somente poder ser definida como interactividade televisiva devido à forma de comunicação, baseada nos formatos dos programas e na comunicação dos apresentadores/jornalistas.

É por esta razão que a interactividade, no seu sentido legítimo, é facilmente encontrada nos modelos de Internet do que nos de Televisão, devido às características do aparelho técnico que instrumentaliza o meio, ou seja, o próprio televisor não tem capacidade como o computador tem de fazer a comunicação de um para muitos e de muitos para um; de dispor de mais ferramentas de utilização e comunicação, como voz, texto e vídeo; de utilizar o meio para a produção e processamento de informação, com a vantagem ainda da criação de mensagens próprias. Portanto, a televisão “funciona”, não como interactiva mas em rede, nomeadamente com a Internet.

Desta forma, como a evolução tecnológica, a televisão adoptou novas funções online. Caso é de que qualquer estação televisiva tem o seu site na Internet, e este não dispensa de uma boa apresentação e disposição dos conteúdos como o telespectador necessita. Com a presença do canal na Internet surgem novas características, por exemplo nos telejornais, como a perda da presença dum mediador, de forma que o utilizador não segue o alinhamento das notícias mas escolhe e visiona as que lhe interessa, e existe um padrão de complementaridade, em que pode procurar mais informação online além do que assistiu pela televisão. Tudo isto traduz-se em vários exemplos abordados na aula, em que tanto a televisão remete para a Internet (pois em alguns programas o apresentador faz referência que para mais informações visite o site, ou ainda, convida e incentiva a navegação na Internet para “comunicar” com o programa), e vice-versa, em que a Internet encaminha o utilizador para assistir pela televisão (por exemplo, no site está um resumo do próximo episódio da telenovela, mas que será transmitido, na integra, pela televisão).

Questionámo-nos se haverá uma perda de audiências ou uma interactividade com a televisão, as opiniões são unânimes em que há a interactividade de diversos meios com a televisão, mas não o “abandono” da televisão. Referindo Henry Jenkins, confirma-se a “falácia da caixa negra”, em que todos os conteúdos serão vistos num só aparelho, mas de acordo com as situações variam as necessidades e o conteúdo converge para diversos meios, todos úteis e utilizados. Não se substituindo mas complementando.

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