Tuesday 20 April 2010

Aula 16: A Mediação do Telemóvel (15/04/2010)


Na última aula, estudamos as mudanças e efeitos nos hábitos da sociedade a partir do advento do telemóvel. O aparelho celular é um bem pessoal, privado, próximo, único e personalizado, sendo assim, reflete a identidade e o estilo de vida de quem o utiliza. De acordo com Ling, esse, que já virou um acessório indispensável ao nosso dia-a-dia, é na verdade uma extensão do seu utilizador, além de atuar como o mediador por excelência da comunicação interpessoal.

Na sociedade pós-telemóvel, cada indivíduo corresponde a um número de telefone, e vice-versa. Dentro da agenda telefônica é possível armazenamos mais de uma centena de contatos. Porém, curiosamente, pesquisas revelam que, em média, apenas 5 pessoas da lista são as que realmente recebem nossas ligações com frequência. Além de ter um efeito de contagio, o telemóvel nos impõe uma obrigação de retribuir as comunicações de que somos alvo, aumentando, assim, a interação.

Além disso, a mobilidade e a disponibilidade constante do telemóvel favorecem a comunicação por impulso, instantânea e emocional. Talvez sejam essas as razões pelas quais a necessidade ou o desejo de atender um telefonema é sempre maior do que de manter uma conversa face a face.

Uma vez que está sempre próximo ao corpo, vale ressaltar a adesão do telemóvel como um artigo de moda. Hoje já existem diversos acessórios decorativos, como capinhas e outros enfeites, feitos para deixar o aparelho "a cara do dono".

A comunicação mediada por telemóvel é motivada não apenas pela sua conveniência, mas também pela idéia de nos sentirmos sempre acompanhados. Segundo Bauman, vivemos uma "modernindade líquida", em que os compromissos deram lugar às relações em rede e as pessoas necessitam de laços sociais mas adaptáveis à incerteza e a velocidade. Ling vai ainda mais longe e defende que ao favorecer a flexibilidade das relações, o telemóvel acaba por reforcá-las.

1 comment:

  1. O uso generalizado do telemóvel tornou-se como Lasen escreveu, uma extensão do corpo humano que acaba por ser um espelho da própria pessoa que o utiliza como mediador das suas relações interpessoais. Deste modo, é um aparelho indispensável no nosso quotidiano, as pessoas já não se imaginam a viver sem telemóvel uma vez que este lhes permite o contacto permanente com as pessoas de quem mais gostamos. O facto de estar sempre contactável transmite um sentimento de segurança às pessoas, sabem que se algo acontecer podem instantaneamente contactar alguém, e vice-versa. E a par da segurança, não estaremos também a perder privacidade? O facto de estar sempre contactável permite que as pessoas perguntem onde estamos, o que estamos a fazer, o que vamos fazer e assim toda a nossa vida, ao responder a estas mensagens, permite que as pessoas nos controlem.
    Podemos falar então do impacto que o telemóvel tem nas relações entre as pessoas, e na prioridade que o telemóvel tem no nosso quotidiano. Se por exemplo estou num café a falar com uma amiga e ouço o meu telemóvel tocar, o instinto passa por ir buscá-lo e ver o que se passa. Damos prioridade ao telemóvel e arranjamos as múltiplas maneiras para não quebrar nem uma nem outra comunicação. Mas até que ponto estamos atentos às duas comunicações, não quebrando nenhuma delas? Que regras nos impõe a sociedade quanto ao uso do telemóvel?

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